Quais são os fatores-chave para se conseguir que mais consumidores adotem opções plant-based?

O movimento plant-based (à base de plantas) está crescendo no mercado latino-americano com novas categorias de produtos. No varejo, alegações (claims) veganas estão aumentando, mas os flexitarianos são a principal oportunidade. Quais são as barreiras que impedem uma maior adoção por parte dos consumidores?

O mercado plant-based na América Latina está avançando de forma lenta, mas constante, e apresenta oportunidades para continuar inovando. De fato, 70% dos consumidores consideram que as fontes vegetais são mais saudáveis. E são os flexitarianos que estão impulsionando esta tendência e se consolidando como um grupo muito interessante para os fabricantes de alimentos e bebidas à base de plantas. 

Como resultado, hoje o movimento de proteínas alternativas expandiu-se para novas categorias: de produtos lácteos a ovos e aves. Na América Latina, por exemplo, 25% dos consumidores relatam que estão ativamente tentando aumentar seu consumo de carne de origem vegetal, e 21% dos consumidores, o de peixes e frutos do mar plant-based. 

Quais são os produtos à base de plantas mais populares entre os consumidores de todo o mundo?

Agora, para acelerar o crescimento, o grande desafio que a indústria enfrenta é conseguir passar de compras pontuais ou esporádicas a uma opção cotidiana na dieta dos consumidores. Motivadas pelo desejo de experimentar algo novo, as pessoas compram um alimento ou bebida à base de plantas, mas depois não repetem essa escolha. Temos, então, pessoas que por razões de saúde, éticas ou ambientais estão dispostas a fazer mudanças em sua dieta, mas não encontram opções 100% satisfatórias que as levem a comprar com regularidade alternativas à base de plantas. 

“Para que os produtos de origem vegetal sejam adotados por uma base de consumidores mais ampla e continuem crescendo, a inovação deveria reduzir as barreiras de sabor e preço, explica Roberta Pavani, Regional Product Manager, Taste & Wellbeing en Givaudan. Embora muitos consumidores da região considerem as alternativas às proteínas animais uma boa opção, alguns ainda acham difícil justificar um preço mais alto ou não consideram essas ofertas tão saborosas como os produtos regulares. 

A seguir, clique para se aprofundar a respeito dessas barreiras:

1. SABOR: Embora existam muitos fatores que contribuem para o sucesso de um produto, um ótimo sabor continua sendo o principal fator de escolha de alimentos à base de plantas. Assim, é pouco provável que os produtos de origem vegetal se convertam em habitués das dietas dos consumidores se não oferecerem uma grande experiência sensorial, semelhante ao que eles têm comido ao longo de sua vida.

2. PREÇO: De acordo com uma pesquisa da PwC, após a pandemia, 56% dos consumidores dizem que se tornaram “orientados pelo preço” na hora de comprar. Para ter penetração no mercado, os produtos de origem vegetal precisam ser tão acessíveis quanto os produtos de origem animal. Ainda que leve algum tempo para atingir a paridade de preços, um dos caminhos possíveis é procurar fontes locais de proteínas alternativas para não depender das importações e dos altos custos que esse processo implica.

Rumo a uma abordagem holística dos alimentos de origem vegetal

Para superar essas barreiras e criar experiências gastronômicas que satisfaçam as necessidades e os desejos dos consumidores, requer-se uma abordagem colaborativa, baseada no entendimento científico, que ofereça receitas deliciosas, uma experiência sensorial agradável e um rico perfil nutricional à base de plantas. 

Portanto, o primeiro passo é garantir que todos entendam para onde querem ir e definir o caminho falando a mesma língua. Para fazer isso, a Givaudan criou o SenseItTM, uma linguagem sensorial única projetada para produtos proteicos de origem vegetal. Esta ferramenta multidimensional possibilita traduzir as experiências sensoriais dos consumidores em sabor, sensação na boca e aroma e compartilhá-las com nossos clientes de uma forma que seja consistente e faça sentido para todos.

O passo seguinte é abordar os principais desafios dos alimentos de origem vegetal utilizando uma abordagem holística que abarque todos os aspectos da experiência gastronômica para recriar o prazer da verdadeira carne, peixe ou produtos lácteos. Aqui as chaves são:

1. Mascarar notas de sabor desagradáveis: cada tipo de proteína tem suas próprias características e nem todas acrescentam atributos positivos ao sabor final, de modo que é necessário trabalhar o mascaramento para chegar a um sabor verdadeiramente delicioso. 
2. Equilibrar os ingredientes: alcançar uma combinação ideal é uma arte e uma ciência. É preciso habilidade e experiência para equilibrar as diferentes notas de sabor e as proporções dos ingredientes.
3. Otimizar o processo: o processamento correto é crucial para um produto final bem-sucedido. Muitos processos podem afetar o perfil sensorial de um produto.
4. Conseguir a textura e a sensação na boca certas: uma grande experiência gastronômica é a peça final do quebra-cabeça. Criar a textura e a sensação na boca certas é essencial para o prazer do consumidor.

Para muitos consumidores, os alimentos e bebidas à base de plantas continuam sendo um mundo pouco explorado. Entretanto, é possível captar seu interesse usando ingredientes locais, conhecidos por eles, e oferecendo alternativas que não apenas sejam deliciosas, mas que também os ajudem a alcançar um bem-estar físico e mental. Desta forma, o mercado ganhará cada vez mais adeptos fiéis que escolherão alternativas de origem vegetal como parte de suas decisões cotidianas de alimentação.

Fontes
1. Good Food Institute-SPINS.
2.  Dados internos, Givaudan. Pesquisa de consumidores na Argentina, Brasil, México, Colômbia, Chile e Peru.
3. Statista Global Consumer Survey, US, diciembre 2021. Percentual de respostas entre aqueles que consumiram alternativas à base de plantas nos últimos três meses.
4. PwC’s Global Consumer Insights Pulse Survey, June 2021.